A goleada (4-0) sofrida em casa no passado sábado, frente ao Philadephia Union, foi um pesado soco no estômago sofrido pelo New England Revolution, que caiu para oitavo lugar na tabela classificativa.
A derrota foi inesperada, não apenas pelos números, pois já há muito tempo que a equipa não sofria uma goleada daquelas em casa, mas também porque o Revolution, três dias antes, havia vencido Chicago para conquistar o bilhete para a final da U.S. Open Cup e o estado de espírito da equipa parecia estar em alta.
“Não há desculpas,” disse o técnico Jay Heaps após o final da partida. “Duma ponta à outra, fomos segundos e há que dar crédito a Philly. Sem dúvida, eles foram melhores do que nós.”
Passados poucos dias, e depois de ter tido oportunidade de analisar as filmagens do jogo, Heaps continuou sem compreender o que se passou, mas reconheceu que a sua equipa não esteve bem.
“Foi inaceitável” – Jay Heaps
“Foi inaceitável, duma ponta à outra, e todos temos de aceitar responsabilidade (pelo que aconteceu), começando com o que precisávamos de fazer antes do jogo,” disse Jay Heaps. “Não é daquelas situações que possamos varrer para debaixo do tapete. Passámos muito tempo a analisar o jogo para termos a certeza que vamos melhorar, vamos continuar a melhorar pois só faltam 10 jogos (para o fim do campeonato) e não há mais margem de manobra.”
Com sete pontos de atraso em relação ao quinto classificado, o Montreal Impact, a turma de Foxboro terá de se concentrar para tentar chegar ao sexto lugar, último de acesso aos play-offs e que presentemente é ocupado pelo D.C. United, que tem 27 pontos, o mesmo número de Orlando. Este duo tem apenas mais um ponto do que o Revolution, pelo que subir ao sexto lugar não é missão impossível, mas o tempo começa a ficar curto, não há mais espaço para derrotas, especialmente nos jogos em casa.
Chegou o fim do ponto de tolerância
“Já chegou (o fim do ponto de tolerância), já chegou,” reconheceu Heaps. “Temos de compreender o que temos pela frente e compreender que não podemos continuar a ter jogos em que vamos para o campo e não jogamos ao nosso nível. Quando não o fazemos não somos muito bons. Quando o fazemos, temos uma boa oportunidade de seguir em frente.”
Os onze golos sofridos nos últimos três jogos confirmam que a equipa não tem rendido o que se esperava dela.
“O [treinador] está zangado. A rapaziada está zangada. Estamos dispostos a fazer o que for necessário para recuperarmos,” prometeu Je-Vaughn Watson. “Todos temos um sentido de orgulho em chegar aos playoffs. Não vai ter valor se não chegarmos aos playoffs. Faltam-nos 10 jogos e temos de ter a certeza que trabalhamos no duro.”
“Todos sabemos o que queremos, que é chegar aos play-offs, é para isso que estamos a jogar,” acrescentou o avançado Kei Kamara. “Analisamos os jogos que faltam, quantos são em casa e quantos são fora. Para nós neste momento está 50-50, está nas nossas mãos, depende de como aparecemos em cada jogo.”
Como os jogos mais recentes não têm corrido como se esperava, calcula-se que o técnico Jay Heaps faça alterações ao onze inicial. Mas, este avisa que “não se agitam as coisas só para dizer que agitámos as coisas,” o que é preciso é encontrar soluções e uma destas poderá ser a entrada do avançado Juan Agudelo, finalmente recuperado da lesão que o afastou durante vários jogos.
“O Juan dá-nos muitas coisas,” explicou Heaps. “Sentimos a falta do Juan porque ele tem presença física, dá seguimento às jogadas, é um excelente jogador para nós, é versátil, pode jogar em qualquer uma das posições no ataque, e dá-nos a possibilidade de fazer outras coisas.”
Agudelo lesionou-se no joelho a 29 de Junho, mas já jogou 14 minutos frente a Philadelphia.
“Pessoalmente, foi bom para mim ter entrado,” disse Agudelo. “Tem sido difícil, mas estou feliz por ter regressado a 100 por cento e está tudo bem com o meu joelho.
“Tem sido difícil estar de fora e ver a equipa por vezes a sentir dificuldades e a perder. É difícil. Tu queres entrar e ajudar, por isso olhava para o meu joelho e queria que ele ficasse curado o mais depressa possível, para ver se conseguia ajudar. Estou contente por estar disponível para poder tentar dar um impulso.”
Esse impulso surge numa altura crucial, pois faltam apenas 10 jogos para o fim da época e no sábado o Revolution recebe o Columbus Crew SC, presentemente nono classificado. É um jogo quase decisivo, especialmente por ser em casa, no Gillette Stadium.
Jay Heaps espera que os seus jogadores não olhem demasiado para a tabela classificativa pois considera Columbus um adversário difícil.
“Eles (Columbus) têm uma grande equipa, quando digo isso quero dizer que eles são parecidos connosco na medida em que a posição na tabela classificativa é importante mas nem sempre dá a imagem total,” explicou Heaps, “As equipas podem jogar muito bem durante 70, 80 minutos, e depois ter 10 minutos maus. Nós temos feito isso algumas vezes esta época, por isso concentramo-nos no que vimos no filme, nos jogadores deles, no que eles estão a fazer neste momento e não no que se passou há dois, três, quatro ou cinco meses atrás.”
Kei Kamara quer marcar e ajudar
O ataque tem sentido dificuldades em finalizar nos jogos mais recentes. Kei Kamara, adquirido há dois meses precisamente para resolver esse problema, reconhece que a pressão está a fazer-sentir, mas continua confiante que a sua nova equipa vai conseguir carimbar a passagem para os play-offs.
“Ainda sou uma das caras novas, estou a adaptar-me a uma equipa nova,” confessou Kamara. “Leva algum tempo, para mim, quero marcar golos importantes porque foi para isso que me trouxeram para cá. Não aparece sempre, mas quero estar envolvido em todos os golos que marcarmos. Não é fácil, mas não podemos baixar a cabeça, é uma época difícil, há muitas equipas boas nesta liga e nós temos uma equipa jovem, mas que dá luta e para nós depende da forma como lutarmos todos os fins-de-semana.”
A determinação em chegar aos play-offs é contagiosa, no balneário não se pensa noutra hipótese.
“Eu sei que muitos estão ansiosos por estes jogos,” disse Agudelo. “Se eu estiver em campo, estou pronto para colocar lá o meu coração, porque não quero ter um ano com um defeso muito longo. Quero estar nos playoffs.”
“Pode-se pensar que [10 jogos] são muitos jogos, mas não são,” acrescentou Watson. “Vêm uns atrás dos outros. Temos cinco jogos em casa e cinco fora, por isso temos de ganhar todos os jogos em casa e tentar conquistar alguns pontos fora.”
“Quando se chega ao fim do Verão e passamos ao Outono, todos sabemos o que queremos. Queremos ir aos play-offs,” acrescentou Kamara.
O jogo frente a Columbus, no sábado, terá início pelas 19:30.