New England Revolution vence o Colorado Rapids, 2-0, e recupera a esperança
Defender bem, marcar, idealmente marcar cedo, e ganhar era a fórmula idealizada pelo treinador Jay Heaps para acabar com a série negativa de seis jogos consecutivos sem vencer por parte do New England Revolution.
Com apenas sete jogos por disputar até ao final da temporada e o Revolution a cinco pontos do sexto lugar, último que dá acesso aos play-offs, só mesmo a vitória interessava neste jogo.
Por azar, o Revolution, que já não marcava há 4 jogos, uma sequência de 362 minutos, a quarta pior série na história da MLS, viu-se privado de dois dos seus avançados. Kei Kamara, melhor marcador da MLS em 2015, foi convocado à última da hora para representar a Serra Leoa frente à Costa do Marfim em jogo referente à Taça das Nações Africanas; e Teal Bunbury, que marcara o último golo da equipa, na derrota, 1-4, em Toronto, a 6 de Agosto, ficou de fora devido a uma lesão no pé direito.
Mesmo assim, Jay Heaps continuou com o novo esquema táctico, um 4-4-2, com o losango a meio campo, desta feita com Lee Nguyen, normalmente o médio criativo da equipa, a fazer companhia a Juan Agudelo na frente de ataque.
Logo aos três 3 minutos, Rowe lançou para Agudelo, e este, de costas para a baliza, cruzou rasteiro. A bola saiu demasiado adiantada para Nguyen, que mesmo assim conseguiu chegar ao passe, mas já sem ângulo, acabando por cair após contacto com o guardião Zac MacMath. O árbitro Alan Kelly mandou seguir o jogo, perante os protestos de Nguyen.
E dentro do plano gizado por Heaps, o primeiro golo surgiu cedo, aos 13 minutos. Chris Tierney fez um lançamento lateral na esquerda, colocou em Gershon Koffie, que fez tabelinha com Lee Nguyen e depois alongou para Juan Agudelo rematar na passada, já em desequilíbrio, fora do alcance de MacMath.
Ao fim de 375 minutos o Revolution conseguia um golo, um bom sinal, pois Colorado ainda não havia ganho nenhum dos seis jogos em que sofreu o primeiro golo.
Mas, Colorado reagiu bem e esteve perto do empate por duas vezes no curto espaço de cinco minutos. Primeiro foi Domini Badji a passar por AndrewFarrell e a ir à linha antes de cruzar, rasteiro e atrasado, na direcção de Sam Cronin, no coração da área, mas o remate saiu rente ao poste direito de Brad Knighton.
Knighton negou o golo do empate, aos 18 minutos. Dillon Powers apareceu solto na grande área e fuzilou a baliza, mas Knighton esticou-se todo e conseguiu desviar para canto.
Defesa foi a chave da vitória
Esta defesa acabaria por ter influência quase decisiva.
“A defesa na primeira parte no Dillan Powers foi excelente, foi uma defesa oportuna e é o tipo de defesa que tu precisas num jogo em que nós precisamos que as coisas corram à nossa feição,” disse Jay Heaps após o final da partida. “Se eles fazem o 1-1 quem sabe o que é se passaria a seguir. [A defesa] foi enorme e permitiu-nos manter a confiança.
“Uma defesa oportuna do guarda-redes é vital e o Brad [Knighton]fez a defesa da noite.”
“A defesa foi a chave do jogo,” acrescentou Juan Aguelo. “Para além dos nossos golos, ele manteve-nos no jogo. Quando há uma defesa daqueles e todos correm para o guarda-redes, a dinâmica do jogo fica muito especial para nós.”
Animado por este lance, o Revolution continuou à procura do golo, com boas trocas de bola, e passou a jogar mais perto da baliza dos visitantes.
Nguyen falha grande penalidade
Aos 31 minutos o Revolution poderia ter dado passo decisivo na partida quando Scott Caldwell isolou Kelyn Rowe, que caminhou isolado para a grande área adversária e contornou MacMath, sendo derrubado por este. O árbitro Alan Kelly de imediato apontou para a marca de grande penalidade, mas optou por mostrar apenas o cartão amarelo ao guardião visitante por considerar que Rowe já havia perdido o ângulo para o remate e além disso na altura já havia um defesa dos Rapids perto do poste.
Lee Nguyen foi chamado para tentar a conversão, mas o remate, forte, foi embater no poste. Foi a primeira vez que Nguyen falhou uma grande penalidade.
O azar tornou a perseguir Nguyen, aos 41 minutos. Após excelente passe de Agudelo, Nguyen foi flectindo para a sua direita até encontrar espaço para o remate, mas a bola tornou a embater no mesmo poste esquerdo da baliza de MacMath, que estava batido.
Chris Tierney aumenta a vantagem
O segundo golo acabou mesmo por chegar, aos 49 minutos, numa excelente jogada de ataque. Nguyen e Rowe trabalharam o lance até Diego Fagundez e este desmarcou Chris Tierney, na esquerda, que fuzilou a baliza à guarda de MacMath.
“O nosso segundo golo mostrou o poder do diamante [na linha média], no que se refere ao espaço apertado, onde o Diego recebe [a bola], onde o Scottie recebe, e o Kelyn. É [um espaço] muito compacto, o Lee recuperou a bola e depois tivemos dois ou três passes. Eles tiveram que recuar e aí nós tivemos a largura, com o lateral esquerdo, era onde estava o (Chris) Tirney, e é isso que nós queremos que o Tierney faça,” disse Jay Heaps após o final da partida, numa referência aos efeitos positivos do novo sistema táctico do Revolution.
Aos 58 minutos, Sebastian Le Toux cedeu o lugar a Marlon Hairston e Colorado esteve perto de tirar proveito da alteração dois minutos depois. Badji cruzou largo, surgindo Powers a elevar-se bem no coração da área e a cabecear colocado, mas Knighton negou-lhe o golo, com um voo aparatoso a desviar a bola por sobre a barra.
A partir daí a turma visitante surgiu mais organizada e durante alguns minutos tomou conta da partida. Mas, gradualmente, o Revolution foi ganhando confiança e começou a trocar bem a bola, conseguindo assim quebrar o ritmo dos Rapids. As estatísticas finais da partida confirmam isso mesmo, pois o Revolution acabou por ter mais posse de bola, 57,7 por cento, e começou a acertar mais nos passes, finalizando com uma média de 81,5 por cento na precisão.
A vitória foi de tremenda importância, porque permitiu ao Revolution aproximar-se do sexto lugar e assim continuar a sonhar com a possibilidade de chegar aos play-offs. O jogo mostrou igualmente vários sinais positivos, pois além do ataque ter conseguido marcar golos, e só não foram mais por manifesto azar, a defesa tornou a mostrar grande segurança, já que só sofreu um golo nos três últimos jogos.
“Mostrámos o que é que conseguimos fazer” – Brad Knighton
Embora tenha sido reconhecido como uma das figuras da partida, o guardião Brad Knighton preferiu destacar o colectivo quando falou aos jornalistas após o final da partida.
“Temos andado a atravessar uma fase muito difícil recentemente, não temos conseguido finalizar as nossas oportunidades, mas hoje vocês viram uma boa exibição de todos os jogadores que estiveram em campo, conseguimos juntar tudo e mostrámos o que é que conseguimos fazer,” disse Knighton. “É uma questão de confiança, que se constrói com vitórias, constrói-se quando não se sofrem golos e esperamos que possamos continuar nas próximas semanas.”
“Defensivamente penso que fomos fantásticos esta noite. Temos feito boas exibições mas uns lapsos aqui e ali têm-nos custado em alguns jogos, mas nos últimos quatro ou cinco jogos temos jogado bem defensivamente, vamos continuar assim e esperar que os golos continuem a surgir.”
Com a defesa a chegar à sua melhor forma, é importante que o ataque também suba de rendimento.
“Andávamos um bocado preocupados, mas sabíamos os jogadores que temos, a capacidade que temos e conseguimos mostrar isso neste jogo,” disse Agudelo.
“A maneira como jogámos hoje, com um pouco de liberdade, permitiu que os nossos jogadores se expressassem um pouco mais e tivemos boas combinações,” concluiu Agudelo.
A vitória foi importante mas todos sabem que ainda há muitos obstáculos pela frente. No próximo sábado, novamente em casa, o Revolution recebe o actual líder da Eastern Conference, o New York City FC. É mais um jogo onde só a vitória serve os interesses da equipa.
“Olhamos para isto [a vitória] como um sinal positivo, vamos analisar as coisas que podemos melhorar, vamos continuar a tentar obter os três pontos porque, se nós conseguirmos melhorar, vamos ser uma boa equipa,” disse Agudelo.
“[Temos] um jogo imensamente importante no próximo fim-de-semana,” concluiu Jay Heaps. “Vamos analisar os aspectos positivos. Não temos tempo para apreciar nada, estamos já a pensar no jogo seguinte, escrevi no quadro [no balneário] ‘NYCFC’.”