Com mais duas derrotas em terreno alheio, o New England Revolution (8-12-5, 29 pontos, décimo lugar) regressa a casa e sabe que só a vitória poderá preservar a esperança de ainda poder conseguir um lugar nos play-offs da Major League Soccer. O jogo de sábado, frente ao Orlando City S.C. (8-11-7, 31 pontos, nono lugar), tem início marcado para as 19:00 horas e faz parte das celebrações da ‘Noite Brasileira’.
A CSN New England transmite o encontro em direto, com o relato a pertencer a Brad Feldman, os comentários a cargo de Paul Mariner e as entrevistas a Naoko Funayama. Uma vez mais, o relato em inglês será transmitido pela 98.5 The Sports Hub, e em Português pela 1570 WMVX Nossa Rádio.
As duas derrotas deixaram marcas, porque em ambos os jogos o Revolution deu a sensação de poder chegar à vitória, mas erros em fases cruciais resultaram em mais dois desaires e complicaram sobremaneira a posição da equipa na tabela classificativa. Assim, com apenas nove jogos por disputar, o Revolution encontra-se presentemente a sete pontos do sexto lugar, último que dá acesso aos play-offs.
Je-Vaughn Watson, o defesa lateral que vai falhar este jogo por ter sido convocado para integrar a seleção da Jamaica que, no mesmo dia, defronta o Canadá, em jogo a disputar em Toronto, não escondeu a sua desilusão com a derrota da semana passada, frente ao ‘lanterna vermelha’ D.C. United.
“O falar é barato, não vai ajudar; nós temos que entrar em campo e lutar,” disse Watson. “Se tu vais oferecer três pontos, tens que oferecer a jogar melhor do que isto. Não lutámos o suficiente. A vontade não estava lá para podermos continuar. Espero que todos façam uma pesquisa a [si próprios]. No próximo jogo, temos de começar a ganhar jogos.”
O único golo da partida surgiu aos 71 minutos, uma vez mais num lance de bola parada em que o Revolution não conseguiu completar o alívio e permitiu que a segunda bola encontrasse um avançado da turma da casa completamente solto de marcação dentro da grande área.
“É algo de que falámos durante a semana,” lamentou o guardião Cody Cropper. “Temos de acabar com isto. Do ponto de vista defensivo, é totalmente inaceitável deixar um avançado dentro da grande área completamente desmarcado.”
Para estes dois jogadores acabaram as desculpas, chegou a altura de mostrar serviço.
“Temos que ganhar todos os jogos em casa, e temos que ir fora de casa e começar a obter pontos,” disse Watson. “Temos bons jogadores, mas temos que parar de dizer, 'nós somos bons jogadores,' e entrar em campo e em todos os jogos mostrar que somos mesmo.”
“Neste momento é vida ou morte,” acrescentou Cropper. “A nossa temporada fica baseada nestes próximos nove jogos e temos que ganhar; provavelmente obter 21 pontos nos próximos nove jogos. Vai ser difícil, mas temos que os abordar com a mentalidade certa e vencer.”
Muitas ausências neste jogo
Por estarem com as suas seleções, o central esloveno Antonio Delamea e o defesa lateral Je-Vaughn Watson, que representa a Jamaica, vão falhar este jogo frente a Orlando City. O médio Kelyn Rowe lesionou-se na semana passada e não regressa tão cedo.
Em contra partida, o avançado Krisztián Németh, que ainda não se estreou por estar lesionado, e o médio Lee Nguyen, o jogador mais produtivo em termos ofensivos, --10 assistências, quinta melhor marca da MLS, e oito golos-- que falhou as duas últimas partidas devido a lesão, deverão estar aptos para sábado.
“Ele (Németh) sofreu um pequeno toque na semana passada, mas tem-se sentido um pouco melhor esta semana,” respondeu o técnico Jay Heaps quando lhe perguntaram sobre a situação atual de Németh. “Queremos ser inteligentes com a sua progressão.”
No que se refere aos seus internacionais, Jay Heaps lamentou o fato deste jogo ter sido adiado a 11 de Março, na altura devido ao mau tempo.
“Infelizmente eu não controlo o calendário, a mudança do dia do jogo surgiu tardiamente e na verdade não há nada que nós possamos fazer,” explicou Heaps. “São dois jogadores que foram importantes para nós no passado fim-de-semana e agora haverá a possibilidade para alguém agarrar a oportunidade.”
O defesa lateral Andrew Farrell mostrou-se confiante no desempenho dos jogadores que possam vir a ser escolhidos para ocupar os lugares de Delamea e Watson.
“Temos muitos jogadores que já jogaram nesses lugares, têm vindo a jogar bem durante os treinos e disputaram alguns jogos este ano, e agora vão poder dar um passo em frente e cumprir esses lugares” considerou Farrell. “É a ideia do ‘próximo homem sobe’. Penso que estamos preparados para um desafio difícil.”
Mas, Orlando City também vai estar bastante desfalcado para este jogo. Cyle Larin e Yoshimar Yotún vão estar ausentes por se encontrarem a representar as suas seleções, Larin no Canadá e Yotún no Peru.
O central Jonathan Spector ainda não está recuperado da lesão no joelho; o avançado-médio Richie Laryea, que se lesionou no tendão, a 19 de agosto frente a Colombus, deverá falhar mais dois jogos; e o médio Cristian Higuita apanhou um jogo de castigo por acumulação de cartões amarelos.
Will Johnson, que sofreu uma lesão no tornozelo, já regressou aos treinos mas continua em dúvida para sábado.
Portanto, tal como na tabela classificativa, estas duas equipas também estão niveladas em termos de lesões.
Fator casa poderá ser decisivo
Jogar no Gillete Stadium tem sido um talismã para o Revolution, pois a turma de Foxboro conseguiu 26 dos seus 29 pontos nos jogos disputados em casa. Em contra partida, o Orlando City só registou duas vitórias em 12 saídas e nos últimos 10 jogos tem demonstrado uma nítida quebra de forma, conseguindo apenas oito golos e consentindo 18.
“É muito importante para nós conseguir os três pontos e por isso precisamos que todos se esforcem porque eu sei que vamos estar desfalcados”, salientou Juan Agudelo. “Mas estamos relativamente confiantes em casa.”
“Esta é a nossa casa, por isso não podemos empatar ou perder jogos, temos de ganhar,” acrescentou o médio Gershon Koffie.
Embora reconheça a importância deste jogo e o panorama sombrio que a sua equipa enfrenta, o técnico Jay Heaps insistiu com os jogadores durante os treinos desta semana para se manterem focados apenas neste jogo.
Por conseguinte salientou que a ideia “é olhar para um jogo de cada vez, não é estarmos a olhar para os anos, para os meses, é olhar para aquele [jogo] que se segue, que é Orlando.”
“Para nós é como se os play-offs começassem neste momento, todos os jogos são importantes, todos os jogos em casa são importantes,” acrescentou Andrew Farrell. “Não faltam muitos jogos, por isso é essa a mentalidade, levamos um jogo de cada vez, todos os jogos são como se fosse nos play-offs.”
“É preciso ter a memória curta,” sugeriu Juan Agudelo. “Muitos dos jogadores, até mesmo durante os jogos, têm as memórias curtas em relação às oportunidades que falharam, é continuar a lutar e compreender que, no meu caso, como avançado, quando o primeiro golo entrar, tu queres mais outro.”
Agudelo é um dos jogadores que precisa realmente de ter a memória curta já que durante o mês de Agosto, nos 280 minutos em que esteve em campo, não marcou nenhum golo, nem fez sequer um remate à baliza. É algo que contrasta realmente com os seus desempenhos antes de ter sido convocado para a seleção dos Estados Unidos que participou na Copa de Ouro, pois na altura era o melhor marcador do Revolution. Por isso, este poderá ser o jogo que marca o seu início da sua recuperação.
Mas a crise de golos não se limita a esta falta de rendimento de Agudelo, porque o Revolution obteve apenas dois golos nos quatro últimos jogos. Quem não marca, não pode ganhar.
Setembro e Outubro têm sido meses de bons resultados
Esta situação complicada na tabela classificativa não é novidade para o Revolution. Nas temporadas mais recentes, a equipa de Foxboro tem entrado nos meses de Setembro e Outubro carecida de pontos, mas bons desempenhos nestes dois meses têm resultado no apuramento para os play-offs.
“Compreendemos que já só faltam alguns jogos para o fim da temporada e precisamos de tirar proveito do máximo número de pontos,” sugeriu Andrew Farrell quando instado a comentar a habitual subida de forma na ponta final do campeonato. “Reagimos bem a essa situação e quando estamos entre a espada e a parede preparamo-nos para isso.”
“Os jogadores que têm estado cá estes últimos anos atingem a boa forma na ponta final e esta é uma boa altura para estarmos totalmente concentrados,” acrescentou Juan Agudelo.
“Esperamos que seja a mentalidade certa à entrada para uma parte difícil da temporada,” concluiu o técnico Jay Heaps. “Obviamente ninguém está satisfeito por estarmos onde estamos, e esperamos que todos continuem focados no jogo que está aí à porta.”
Jogos anteriores ficaram marcados pelo equilíbrio
Desde que entrou para a MLS, em 2015, Orlando já defrontou o Revolution por cinco vezes e o equilíbrio tem sido marcante, com cada equipa a registar uma vitória. Os outros três jogos terminaram empatados. Em golos, o Revolution tem uma ligeira vantagem, 10-9.
Mas, a forma atual das duas equipas dá o favoritismo ao Revolution para o jogo de sábado. Para além do fator casa, pois o Revolution continua a dar excelente conta de si no Gillette Stadium, Orlando está a atravessar a fase mais difícil da temporada, já não ganha desde 30 de junho, altura em que derrotou o Real Salt Lake, por 1-0.
Nos sete jogos que se seguiram, a turma da Florida conquistou apenas dois pontos e sofreu cinco derrotas, limitando-se a marcar seis golos.
Mesmo assim, ninguém no Revolution acredita em facilidades.
“Eles são muito perigosos, acrescentaram o Dom Dwyer à equipa e sempre que isso acontece a equipa melhora,” avisou o técnico Jay Heaps. “São uma boa equipa, são difíceis de penetrar, vai ser um jogo bastante importante para nós.”
“Vamos entrar para ganhar, ambas as equipas neste momento estão a lutar pelas suas vidas, quer os titulares, quer os suplentes, todos sabem o que está em jogo,” prometeu Juan Agudelo.
“Eles são uma boa equipa, muita boa mesmo, têm um bom ataque, jogadores especiais, vai depender das lutas individuais por isso temos de arregaçar as mangas e dar-lhes luta,” acrescentou Andrew Farrell. Obviamente vão ter oportunidades durante o jogo e nós temos que as limitar e defender o melhor possível.”
Um dos tais ‘jogadores especiais’ de Orlando é o antigo internacional Brasileiro Kaká, que em 2007, no auge de sua carreira, foi nomeado o melhor jogador do mundo pela FIFA.
Um dos primeiros jogadores contratados por Orlando, Kaká disputou 70 jogos desde a sua estreia em 2015, 65 como titular, tendo obtido 22 golos e 22 assistências. Mas, o Revolution sabe que não pode concentrar as suas atenções apenas em Kaká, que provavelmente vai ser dos jogadores mais aplaudidos neste jogo, pois trata-se da ‘Noite Brasileira’.
“Temos o nosso plano de jogo, que temos preparado durante os treinos desta semana,” salientou Gershon Koffie. “Obviamente o Kaká é um grande jogador, mas não podemos estar focados apenas no Kaká porque eles têm 10 outros jogadores que podem marcar golos, por isso temos de cumprir o nosso plano de jogo e conseguir uma vitória.”
E realmente a vitória é o único resultado que interessa. Com a temporada a aproximar-se do seu final, quem perder este jogo ficará numa situação muito, muito complicada. Mas, quem assistiu aos treinos do Revolution durante toda esta semana entrará animado, porque respirou-se animação e confiança no campo de treinos do Gillette Stadium.