Uma pressão sufocante nos minutos finais não foi o suficiente para evitar a primeira derrota em casa na temporada em curso, num jogo em que o New England Revolution pode-se queixar apenas de si próprio para explicar o desaire frente ao Chicago Fire, 2-1, no jogo disputado sábado à noite no Gillette Stadium.
O Revolution sabia que ia ser colocado à prova neste encontro porque o Chicago Fire, embora só tivesse registado uma vitória nas suas sete deslocações, é uma equipa em nítida subida de forma, especialmente desde a chegada do antigo internacional Alemão Bastian Schweinsteiger.
Além disso a defesa de Chicago, que já não perde há oito jogos, está quase intransponível pois quando entrou em campo já não sofria golos há 601 minutos.
Por isso, os primeiros 15 minutos decorreram sob o signo do equilíbrio, com as duas equipas a alternarem a posse de bola, mas ambas muito compactas, a fazerem pressão alta, complicando assim as saídas para o ataque.
Mas, aos 17 minutos, uma falha na coordenação defensiva do Revolution resultou no primeiro golo de Chicago. Com a defesa em linha, no momento do passe para Nemanja Nikolic os centrais hesitaram para decidir se se adiantavam para subir a linha do fora de jogo e essa hesitação foi o suficiente para permitir que o avançado visitante ficasse isolado. O guardião Cody Cropper saiu a tentar tapar o ângulo, e ainda conseguiu desviar o remate, mas a bola embateu no poste e ressaltou novamente para Nikolic, que marcou à segunda.
“Tivemos muito azar porque a bola foi novamente para os pés dele depois da primeira defesa,” lamentou Cropper.
Foi o décimo terceiro golo para o internacional Húngaro nascido na Sérvia, que foi contratado em Dezembro ao Legia Warsaw. Nikolic continua a ser o melhor marcador da MLS.
O Revolution esteve muito perto do empate aos 30 minutos. Um excelente passe em profundidade desmarcou Kei Kamara, que foi à linha e cruzou rasteiro, mas um tudo de nada adiantado e Diego Fagundez, já em queda, rematou ao lado.
Bem apoiado pelo seu público (21,548 espectadores), bastante animado, o Revolution começou a tomar conta do jogo e criou perigo em dois lances semelhantes, ambos protagonizados por Diego Fagundez, em remates de longa distância, mas o primeiro saiu a rasar o poste, o segundo passou rente à trave.
O golo tornou a estar à vista, aos 38 minutos. Um excelente passe de Andrew Farrell encontrou Kelyn Rowe na passada. Este entrou na área adversária e quando o guardião Matt Lampson saiu para encurtar o ângulo, o médio do Revolution rematou forte, rasteiro, mas a bola saiu rente ao segundo poste.
Mudança ao intervalo
Descontente com a forma como o jogo estava a decorrer, ao intervalo o técnico Jay Heaps retirou Scott Caldwell, um médio defensivo, e fez entrar o avançado Juan Agudelo, o melhor marcador do Revolution na presente temporada, com sete golos.
“Foi uma decisão tática, mudámos para o sistema em losango, queríamos ter o Lee [Nguyen] no topo do losango, com o Kei [Kamara] e o Juan [Agudelo],” explicou Heaps. “Nós sabíamos que eles iam jogar com cinco jogadores mais recuados.”
Foi portanto um Revolution mais agressivo e acutilante que regressou para a segunda parte.
Aos 48 minutos, após um bom passe de Lee Nguyen, Diego Fagundez ganhou espaço para o remate e atirou forte, mas Lampson lançou-se bem e desviou para canto. O pontapé de campo foi cobrado por Chris Tierney, surgindo o central Antonio Delamea a cabecear junto ao segundo poste, mas Lampson tornou a desviar para além da linha final.
Os visitantes chegaram ao 2-0, aos 61 minutos, num golo trabalhado de forma superior. Dax McCarty alongou para Nikolic. Este levantou para Michael de Leeuw, que forma inteligente adiantou para Luis Solignac surgir isolado frente a Cody Cropper e marcar com facilidade.
O Revolution foi continuando a insistir no ataque, mas sempre com grande dificuldade porque Chicago estava muito compacto, com Schweinsteiger a jogar mais recuado, atrás dos médios. Curiosamente, esta opção tática dos visitantes não surpreendeu a equipa técnica do Revolution.
“Penso que [o posicionamento de Schweinsteiger] até nos ajudou,” disse Heaps. “Sabíamos que ele ia fazer isso durante a primeira parte, tínhamos visto o filme, e por isso queríamos que isso acontecesse porque preparámo-nos para isso, e foi quando estivemos ao nosso melhor nível.”
Embora sem estar a jogar ao nível habitual o Revolution não se entregou e foi justamente recompensado aos 70 minutos. Durante uma fase de insistência da equipa da casa, a bola foi até Nguyen, que cruzou para o coração da área, à procura de Agudelo. Lampson saiu, mas não conseguiu desviar, surgindo Antonio Delamea a saltar mais alto do que três defesas visitantes e a fazer a recarga vitoriosa de cabeça.
Golo muda o jogo
De imediato Jay Heaps começou a pensar em chegar à igualdade e no minuto seguinte retirou o lateral esquerdo Chris Tierney, fazendo entrar o médio Daigo Koabyashi. Ao mesmo tempo, o treinador visitante retirou o avançado Luis Silignac, reforçando assim a linha média com a entrada de Djorde Mihailovic.
A partir daí só deu Revolution e as oportunidades de golo foram-se sucedendo.
Aos 80 minutos Jay Heaps jogou a sua última cartada, quando TealBunbury, que inaugurara o marcador no jogo de quarta-feira, entrou para o lugar de Kei Kamara.
E a alteração esteve muito perto de resultar três minutos depois quando, na conclusão de mais uma jogada de insistência, Agudelo encontrou Bunbury dentro da área, mas o remate embateu no poste e não entrou.
E Bunbury tornou a estar envolvido aos 86 minutos. Depois de receber um passe de Diego Fagundez, fez um compasso de espera e no momento certo soltou para Lee Nguyen, no coração da área, mas o remate deste saiu demasiado alto. Excelente ocasião.
Público de pé a puxar pelo Revolution
Por esta altura do jogo, o ambiente no Gillette Stadium era fantástico, com o público de pé, a puxar pela sua equipa.
Na sequência de um pontapé de canto, o Revolution fez tiro aos bonecos, com três remates dentro da grande área a serem bloqueados.
E aos 89 minutos, o golo tornou a estar à vista. Um passe de 40 metros de Diego Fagundez encontrou Nguyen na direita e este atrasou para Gershon Koffie, desmarcado à saída de pequena área, mas o remate saiu demasiado alto. Mais uma ocasião soberana.
Apesar da pressão intensa, o Revolution não conseguiu chegar ao empate e no final do encontro a tristeza era bem palpável no balneário da equipa.
“Esforço e energia tivemos nós. Penso que até ao apito final demos tudo, mas a nossa precisão não esteve ao nível necessário para desmantelar uma equipa como Chicago devido à forma como eles se colocam no terreno,” disse Jay Heaps nas declarações prestadas aos jornalistas depois do jogo.
“Se tivéssemos estado mais acertados no início do jogo não teria acabado como acabou. Penso que o golo veio numa bola perdida, um golo fácil que lhes oferecemos e eles são muito bons defensivamente, estão sempre atrás da linha da bola, por isso obviamente desgastamos muita energia. Gostaria que tivéssemos estado mais afinados, mas na ponta final tivemos duas ou três oportunidades claras para marcar. Há que dar crédito a Chicago, eles vieram cá e fizeram um bom trabalho.”
O central Antonio Delamea, uma das figuras do jogo, também lamentou a forma como o Revolution entrou no jogo.
“Estamos muito desiludidos. Precisamos de conversar sobre o que se passou nos primeiros minutos, quando não conseguimos completar passes fáceis, não conseguimos pressionar, não conseguimos fazer nada certo,” disse Delamea.
“Não sei o que é que se passou connosco e depois quando ficámos com dois golos de desvantagem começámos a recuperar, mas já era tarde demais. O futebol é assim, se não estás totalmente concentrado durante todo o jogo, és castigado pois não conseguimos marcar na ponta final.”
O internacional esloveno deixou bem claro que ficou desgostoso pela forma como a equipa se exibiu até sofrer o segundo golo e avisou que se trata de algo que não se pode repetir.
“Precisamos de encontrar onde é que esteve o problema, dentro de nós, é esse o motivo principal para a derrota,” acrescentou Delamea.
“Tivemos problemas durante 70 minutos, até marcarmos o golo. Não sei, parecemos cansados, não fomos tão rápidos com a bola como contra Toronto, não conseguimos criar grandes oportunidades durante 70 minutos. Não sei qual foi o problema. Sei que alguns jogadores estavam cansados por terem jogados pela seleção, mas não sei, penso que precisamos de ter uma boa conversa no balneário, olhar olhos nos olhos.”
Jogo em Toronto na sexta-feira
O Revolution torna a estar em ação já na sexta-feira, na difícil deslocação a Toronto, para defrontar o atual líder da Conferência Leste.
“Podemos levar uma grande lição deste jogo, tentar esquecer este jogo o mais depressa possível e começar a pensar em Toronto,” disse Delamea. “Temos que tirar uma lição deste jogo e começar a pensar em Toronto.”
“Temos que dar a volta muito rapidamente porque vamos jogar contra Toronto já na sexta-feira à noite, temos que recuperar e continuar a melhorar,” concluiu o treinador Jay Heaps. “Penso que a chave do jogo esta noite foi que não estivemos tão afinados como costumamos estar quando jogamos em casa. Talvez a paragem tenha tido algo a ver com isso, mas temos que estar melhor no início do jogo.”